Arte de Helen Beard

O trabalho da artista explora temas definidos dentro de um contexto mais amplo do relacionamento e do sexo.

Nascida em Birmingham, Inglaterra, em 1971, a artista estudou na Bournemouth School e na Poole College of Art and Design, graduando-se em 1992. Depois de se formar, Helen trabalhou como estilista freelancer de moda, diretora de arte e assistente na indústria cinematográfica por 15 anos. Enquanto trabalhava em outras áreas, continuava sua prática artística, incluindo pintura, colagem e bordado, além de fazer também esculturas e instalações. Ela agora vive e trabalha em Brighton, na Inglaterra.

Há dois anos, a artista chamou a atenção de outro artista britânico: Damien Hirst, que é considerado um dos maiores artistas do final do século 20 e o nome mais proeminente do grupo Young British Artists. Hirst imediatamente a convidou para participar da exposição Simulation/Skin em sua Newport Gallery, em Londres. Outras exposições na capital seguiram, incluindo True Colors em abril de 2018, novamente em Newport. Hoje, seus trabalhos são vendidos por dezenas de milhares de libras esterlinas. “Principalmente chocada” é como ela descreve seus sentimentos sobre a ascensão nos últimos anos.

O trabalho da artista explora temas definidos dentro de um contexto mais amplo do relacionamento e do sexo. Suas obras mais recentes são pinturas a óleo, em grande escala, com campos coloridos de close-ups de imagens sexuais. Estas imagens que ela usa de referência são tiradas de materiais pornográficos e transformadas em obras coloridas e alegres. Os campos de cores marcantes da experiência sexual feminina de Helen Beard são uma celebração emocionante do desejo carnal. Suas superfícies estão repletas de texturas ricas, que imitam os contornos flexíveis do corpo humano. Embora proveniente de imagens pornográficas, o trabalho de Beard está longe de ser bruto: sua paleta policromática junta blocos de carne entrelaçados, resultando em um emaranhado tátil e alegre de fantasia erótica. “Quero apresentar o sexo de uma forma excitante que não envolva vergonha ou pudor”, diz a artista.

 

 

VAMOS OBSERVAR

Eu reflito sobre minha reflexão

2019

Óleo sobre tela

200 x 190 x 4 cm

 

Parece um desperdício que o mundo tenha esperado tanto tempo para ver o trabalho desta artista: simultaneamente ousado, mas íntimo, abstrato, mas lúcido. Apesar da aparência simples, suas pinturas são meticulosamente planejadas. Escolher a paleta é sua parte favorita do processo. Cada sombra deve contrastar com sua vizinha, o que pode ser complicado no estágio de planejamento. “Às vezes, desenho algo e percebo ‘aquela nádega não pode terminar aí, porque vai ficar da mesma corʼ”, diz ela. Então, ela vai modificando o desenho até tudo se encaixar. É como um quebra-cabeça. Esta imagem foi retirada de uma revista de pornografia. Ela, então, as adapta e as recorta antes de colocá-las em seu filtro interno. Um pequeno estudo torna-se então uma tela imponente. As fotografias não fazem justiça a este trabalho. Só de perto você pode ver as pinceladas delicadas e dançantes que preenchem as formas, dando vida aos temas. Concentrar-se exclusivamente no sexo retratado no trabalho de Beard e em seus links com a pornografia é negligenciar sua beleza e o impacto de sua criação. Algumas peças aparentam mais abstratas – partes do corpo são reduzidas a formas geométricas suaves – enquanto suas pinturas mais recentes são o que ela chama de “narrativa”, mais próximas do figurativo. Esta obra, e todas as obras de Helen, falam sobre o olhar feminino. Para a artista, é importante que suas obras dialoguem com temas “tabu” como este, para que as mulheres também possam abraçar sua sexualidade, que não tenham vergonha disso. “Uma sociedade patriarcal rebaixa as mulheres o tempo todo e tenta colocá-las em seus lugares, o que as faz ter vergonha de se exibir. Então, é uma reação a isso, eu suponho.” Seu objetivo é que sua arte conte a história de uma protagonista feminina, por meio de olhos femininos, para obter alguma paridade em um mundo continuamente desigual. Ela também quer que as pessoas vejam seu trabalho como comemorativo e positivo e particularmente na era #MeToo, para lembrar aos telespectadores que a maioria do ato sexual é bom e natural.


Por Milenna Saraiva, artista plástica e galerista, formada pelo Santa Monica College, em Los Angeles.

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